terça-feira, 3 de maio de 2011

Surfando no inglês!

Recebi esse arquivo de áudio no meu email. Já bolei de rir. Me identifiquei com esse pobre locutor da rádio do litoral, surfando no inglês! Imaginei até eu travando uma discussão com ele, naquele idioma! Sensacional! Engraçadíssimo!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

EUA ou Turquia?

Hoje pela manhã, tomei um susto quando vi a manchete do jornal gritando que Osama Bin Laden havia sido morto, logo depois senti-me bastante constrangido quando vi as fotos mostrando as comemorações nas ruas de Nova York. Não sou defensor de Bin Laden. Muito pelo contrário, não gosto nem um pouco dele. Na verdade não gosto de gente que mata gente. Por isso mesmo que me revirou o estômago ao ver as fotos de uma nação inteira cheia de sangue a escorrer pelos dentes, cantando, vibrando e comemorando não um título mundial, mas o assassinato de um ser humano. Se o assassinato de alguém conferir à família da vítima o direito de vingança, de assassinar um contrário para balancear as baixas, a carnificina não terá fim. São tantos os casos de famílias aqui no Nordeste. Não quero aqui entrar no mérito se ele merecia ou não, se os EUA vão ou não retirar suas tropas e os desenlaces que isso gerará... para isso existem jornalistas e cientistas políticos muito bem treinados. Só estou escrevendo esse texto para desabafar um sentimento estranho que me bateu, quando vi a satisfação de tantos pela morte alheia. E o que mais me apavora é que muitos desses se dizem cristãos, frequentam suas igrejas e cultivam seus ritos. A religião de Bin Laden não só permite, como também incentiva a matança dos inimigos... e ele foi morto por aqueles que pregam o perdão. E sua defuntência foi escrachada por aqueles que seguem os mandamentos de Deus... Não me pareceu em nenhum momento a vitória do bem sobre o mal. Me pareceu valores cruéis, machistas, gananciosos e mesquinhos triunfando sobre tantos outros valores tão quanto cruéis, machistas, gananciosos e mesquinhos.


Lembrei então de um texto formidável do Ariano Suassuna, que vou colocar um trechinho aqui.
No texto, cujo título é "o que podemos aprender da Turquia", ele comenta de uma viagem que teria feito àquele país, com um amigo que, por sua vez, esteve na Inglaterra. Conta do caso de Jack, o Estripador e fala da justiça britânica que é exemplar, que "na Inglaterra todo mundo é inglês, todo mundo é pela lei e pela justiça e, como não podiam acabar com a tragédia íntima de Jack, o Estripador, resolveram acabar com o próprio Jack, enforcando-o numa sexta-feira à tarde." Diz que por lá, as pessoas ou são "oito ou oitenta: o inglês ou é um perfeito cavalheiro, ou é logo ardente como nosso Jack e dá-se ao impulso de raptar e esquartejar mulheres. Brasileiro ignorante como sou, objetei a um desses rapazes que tinham roubado a bolsa de uma amiga minha nos Estados Unidos e as meias de um meu amigo em Londres; mas ele me explicou que nesses dois países viaja muita gente da canalha latina e que um desses velhacos era sem dúvida o responsável pelo furto reles: 'Se fosse um inglês, seus amigos teriam infalivelmente o gasnete cortado'."
Continua o texto e ele pára um pouco a reflexão sobre a justiça brasileira:
"Aqui no Brasil, as leis são razoáveis, mas o juízes, infelizmente, são latinos e mestiços irresponsáveis, os criminosos também, o promotor também, o advogado também; na hora do julgamento os criminosos choram, os outros acompanham, todo mundo tem senso de culpa, todo mundo tem a consciência pesada, ninguém quer atirar a primeira pedra e a desordem campeia, para nossa vergonha 'lá fora'".
E conclui o texto mostrando o exemplo da Turquia, onde também não acontecem mais crimes, porque lá teria sido abolido o conceito de crime! Vejam só:
"... na Turquia, onde estivera há pouco, e onde se resolveu o problema de maneira que, se é diferente da inglesa, é igualmente eficiente: os turcos para terminar com o problema de sua justiça - que antes, como a nossa, funcionava mal -, aboliram a noção de crime. Não há mais problema: sendo tudo permitido, não há mais processo, nem remorso, nem vergonha diante das 'nações exemplares'. Digamos, por exemplo, que um turco vá à Europa e, de volta, comece a encher seus patrícios, provando que os queijos suíços são mais bem feitos do que os turcos, que as mulheres holandesas são mais belas e mais bem vestidas do que as turcas: se um turco mais impaciente implica com isso, enche a cara de cachaça, vai procurar o viajado e dá-lhe uma navalhada no bucho, abrindo-o do pé da virilha ao pé do gogó. O poeta fina-se, acabam-se os artigos e não há problema com o impaciente, porque o crime foi abolido. Agora, se o poeta cívico possui algum irmão que nunca foi à Suécia e que é, portanto, tão atrasado de costumes quanto um brasileiro; se esse irmão resolve vingar a defuntência fraterna, mata o assassino e, como é de justiça, fica tudo por isso mesmo.
Eu disse a meu amigo que uma vez que o Brasil jamais poderia atingir a perfeição saxônica, o melhor seria seguirmos o caminho turco. Ele objetou que tal caminho lhe parece um tanto drástico, perguntando-me se a sociedade turca não tem estranhado a inovação. Eu expliquei que ia tudo bem: no começo houve alguns protestos da AJT (Associação dos Juristas Turcos), a qual deu uma nota oficial reclamando porque seus membros iam perder seus empregos. Mas antes que o Governo pudesse tomar conhecimento da nota, o CAC (Clube dos Assassinos de Constantinopla) extinguiu o problema, exterminando, a faca, todos os associados da AJT. O fato teve alguma repercussão, algumas jovens vocações de juristas foram, por essa repercussão, sufocadas no nascedouro e o problema turco da justiça foi definitivamente resolvido."


Assim é que por vezes, na sua política externa, os EUA mais me parecem a Turquia...

domingo, 1 de maio de 2011

nada a dizer... nada... ou quase nada...

Como diria genialmente Chico Anísyo através de seu personagem Baiano: 
"nada a dizer... nada... ou quase nada. O que tenho é a fazer... tudo... ou quase tudo!" 
"Essa frase vive nos cabelos encaracolados das cucas maravilhosas, mas se perdeu no labirinto dos pensamentos poluídos pela falta de amor!" Como também diria o mestre-rei Roberto.
É assim que estou das idéias atualmente. Cheio de colagens, pedaços, mosaicos. A vontade de fazer de tudo, idéias fervilhantes mas desconexas... Essa figura mitológica do Mercado cada vez mais me acanha no universo da especialização do trabalho e não me abre portas para minha alma a cada dia mais Renascentista. Tão bom seria se esse termo especialização viesse por criarmos coisas especiais e não puramente especializadas! Quero me insurgir contra o domínio da técnica e dizer que mesmo que o dinheiro compre até amor verdadeiro, o amor verdadeiro também é capaz de façanhas inigualáveis, inclusive, até, quem sabe, a de transformar o dinheiro e a técnica na mais pura felicidade! Depende muito de não colocarmos o carro (essa máquina feroz) na frente dos bois...

(amanhã, talvez eu consiga dizer mais alguma coisa...)