Uma partezinha do meu projeto de fim de curso na arquitetura foram os vídeo-espaços. A idéia é a de encenar algo na frente de um edifício interessante, com valores agregados, sejam arquitetônicos, históricos, sentimentais... Depois, a gente projeta essa filmagem na fachada do edifício, fazendo coincidir os elementos arquitetônicos reais e projetados. A idéia é deixar aquele edifício vivo. Pessoas saindo das portas, janelas abrindo, por exemplo... A encenação pode inclusive continuar após a projeção e haver um diálogo entre o real e o projetado.
Foi lembrando dessa idéia dos vídeo espaços que fiz esse trabalho. Não é exatamente um vídeo espaço, mas tem muitos elementos semelhantes. O texto a seguir explica um pouco melhor o que tentei fazer aqui.
O cine do Gordo, como é conhecido pela população, foi um cinema desde os anos 30. Mas foi pelos idos anos 70 e 80 que nele passavam muitos filmes chineses de kung-fu e outras artes marciais. Porém perdeu a luta contra o tempo. Hoje é só um prédio abandonado, esperando por outros chineses, agora não mais lutadores, e sim comerciantes. Há uma placa ali avisando da abertura de uma loja, mas que parece estar também tão abandonada quanto o velho edifício. O fato é que hoje o cinema só é cinema pelo lado de fora. E assim, meio sem querer, meio que desvirtuando o cotidiano, transforma a rua em espetáculo. O dia-a-dia irreversível, fato único, exibido cena a cena, com seus detalhes revisitados de maneira mais lúdica, onde a rua, misto de artista e platéia transforma-se em sala de exibição, vendo a si mesma, transfigurada no olhar poético da película.
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