Para quem ainda não decidiu seu voto, aí vão os óóótimos motivos para se votar no Serra...
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sexta-feira, 22 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
O que é que é isso?!
Impressionante a diferença entre as reportagens das duas emissoras. É isso a imprensa livre que engrandece a democracia? Claro que ninguém aqui concorda com brigas, confusões, tumultos etc, eu sempre achei, principalmente depois de levar um murro na cara, que um ser humano que bate em outro está mais para um bicho completamente irracional do que para gente de verdade. Como diria o Campos de Carvalho:
"Não sou exatamente o que se pode chamar de um perfeito otimista - sobretudo quando se trata da bondade humana - mas penso que, depois do Cristo e do Diabo, nunca é demais esperar que o homem se volte finalmente para si mesmo e se descubra qualidades até aqui insuspeitadas, capazes de fazê-lo amar ao próximo já não digo como a si mesmo, mas pelo menos como à mulher do vizinho, ou à cunhada, ou à secretária - de qualquer forma, não pensando em seu semelhante como um inimigo mortal, mas como um animal pelo menos tão digno e nobre quanto um cavalo, mesmo que seja um cavalo selvagem e à primeira vista indomesticável, às ventas para o ar. Tratado humanamente, até o cavalo mais bravio se torna humano - da mesma forma como um tratamento desumano pode acabar tornando o homem, como se diz, um verdadeiro cavalo."
Não sei se o Serra contratou a Globo ou se a Globo contratou o Serra. Provavelmente ele vai estar na próxima novela das 8. Aí vai a reportagem da Globo e em seguida a do SBT. A gente vê a bolinha de papel quicando e caindo devagarinho. É cômico! O Rivaldo levou suspensão da Fifa quando fez isso na copa, alguém se lembra?!
da Globo...
do SBT...
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
O ato dos artistas e intelectuais
Lindíssimo o ato. Para quem não viu, aí vai o vídeo. Emocionante o comecinho, com a homenagem do Leonardo Boff a Oscar Niemeyer. Uma beleza.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
o refrão dos candidatos
Com essa história do aborto e de termos uma candidata evangélica, as igrejas tiveram um peso tão grande nessas eleições, que lembrei-me de uma música do Falcão, em que o refrão traduz esses dias de campanha. Para quem não conhece esse super hit primeiro lugar das paradas de sucesso, "Canto Bregoriano II" aí vai a pérola Falconesca, esse arquiteto pereirense que é "lindo, bonito e joiado".
P.S.: Cliquem aqui e vejam no Blog do Nassif, o aúdio da missa dos romeiros em Canindé, quando apareceu uma comitiva do candidato José Serra, acompanhado de Tasso Jereissati e Lúcio Alcântara!
P.S.: Cliquem aqui e vejam no Blog do Nassif, o aúdio da missa dos romeiros em Canindé, quando apareceu uma comitiva do candidato José Serra, acompanhado de Tasso Jereissati e Lúcio Alcântara!
Canto Bregoriano II
(Falcão / Tarcísio Matos)
Se me tornei um pecador
E não segui a sua lei
Não rogai por mim, senhor
Como manda o versículo 16
Tomai, comei, disse o senhor
Mas o senhor há de notar
Que na circunstância em que eu estou
Rerum Novarum é de lascar
Aporrinharei o senhor (aporrinharei)
Perturbarei o senhor (perturbarei, perturbarei)
Emputarei o senhor (ôôôô)
Enquanto o senhor não me pagar
Populorium progresso
Diz o ditado japonês
Tudo o que eu tenho eu devo a ti
Dizia Machado de Assis
Veronia secula seculorum
Vivo nessa exploração
Para o patrão prolabore
E na patena vai o pão
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
um pouco mais de política
Continuando com os textos de Maria Rita Kehl, esse foi o último que ela publicou pelo Estadão. Cada texto melhor do que o outro. Este é incrível.
Dois pesos...
(Maria Rita Kehl)
Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apóia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela presidência da república. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.
Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da bolsa-família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés-de-chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela bolsa-família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido ,fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. 200 reais é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso Passava-se fome, na certa, como no assustador “Garapa”, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A bolsa família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da bolsa família, que apesar de modesta, reduziu de 12 para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem idéia do quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de 200 reais? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou este efeito de “acumulação primitiva de democracia”.
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas em seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do país. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do país, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática , parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
sobre o aborto
Vamos lá, botar lenha na fogueira. Falar de assuntos polêmicos. Colocarei aqui a coluna que a psicanalista Maria Rita Kehl escreveu para o "Estadão", de onde terminou demitida por apresentar suas opiniões políticas. O texto é fantástico e abre espaço para muita discussão. Aí está.
Repulsa ao Sexo
(Maria Rita Kehl)
"Entre os três candidatos à presidência mais bem colocados nas pesquisas, não sabemos a verdadeira posição de Dilma e de Serra. Declaram-se contrários para não mexer num vespeiro que pode lhes custar votos. Marina, evangélica, talvez diga a verdade. Sua posição é tão conservadora nesse aspecto quanto em relação às pesquisas com transgênicos ou células–tronco.
Mas o debate sobre a descriminalização do aborto não pode ser pautado pela corrida eleitoral. Algumas considerações desinteressadas são necessárias, ainda que dolorosas. A começar pelo óbvio: não se trata de ser a favor do aborto. Ninguém é. O aborto é sempre a última saída para uma gravidez indesejada. Não é política de controle de natalidade. Não é curtição de adolescentes irresponsáveis, embora algumas vezes possa resultar disso. É uma escolha dramática para a mulher que engravida e se vê sem condições, psíquicas ou materiais, de assumir a maternidade. Se nenhuma mulher passa impune por uma decisão dessas, a culpa e a dor que ela sente com certeza são agravadas pela criminalização do procedimento. O tom acusador dos que se opõem à legalização impede que a sociedade brasileira crie alternativas éticas para que os casais possam ponderar melhor antes, e conviver depois, da decisão de interromper uma gestação indesejada ou impossível de ser levada a termo.
Além da perda à qual mulher nenhuma é indiferente, além do luto inevitável, as jovens grávidas que pensam em abortar são levadas a arcar com a pesada acusação de assassinato. O drama da gravidez indesejada é agravado pela ilegalidade, a maldade dos moralistas e a incompreensão geral. Ora, as razões que as levam a cogitar, ou praticar, um aborto, raramente são levianas. São situações de abandono por parte de um namorado, marido ou amante, que às vezes desaparecem sem nem saber que a moça engravidou. Situações de pobreza e falta de perspectivas para constituir uma família ou aumentar ainda mais a prole já numerosa. O debate envolve políticas de saúde pública para as classes pobres. Da classe média para cima, as moças pagam caro para abortar em clínicas particulares, sem que seu drama seja discutido pelo padre e o juiz nas páginas dos jornais.
O ponto, então, não é ser a favor do aborto. É ser contra sua criminalização. Por pressões da CCNBB, o Ministro Paulo Vannucci precisou excluir o direito ao aborto do recente Plano Nacional de Direitos Humanos. Mas mesmo entre católicos não há pleno consenso. O corajoso grupo das “Católicas pelo direito de decidir” reflete e discute a sério as questões éticas que o aborto envolve.
O argumento da Igreja é a defesa intransigente da vida humana. Pois bem: ninguém nega que o feto, desde a concepção, seja uma forma de vida. Mas a partir de quantos meses passa a ser considerado uma vida humana? Se não existe um critério científico decisivo, sugiro que examinemos as práticas correntes nas sociedades modernas. Afinal, o conceito de humano mudou muitas vezes ao longo da história. Data de 1537 a bula papal que declarava que os índios do Novo Continente eram humanos, não bestas; o debate, que versava sobre o direito a escravizar-se índios e negros, estendeu-se até o século XVII.
A modernidade ampliou enormemente os direitos da vida humana, ao declarar que todos devem ter as mesmas chances e os mesmos direitos de pertencer à comunidade desigual, mas universal, dos homens. No entanto, as práticas que confirmam o direito a ser reconhecido como humano nunca incluíram o feto. Sua humanidade não tem sido contemplada por nenhum dos rituais simbólicos que identificam a vida biológica à espécie. Vejamos: os fetos perdidos por abortos espontâneos não são batizados. A Igreja não exige isto. Também não são enterrados. Sua curta existência não é imortalizada numa sepultura – modo como quase todas as culturas humanas atestam a passagem de seus semelhantes pelo reino desse mundo. Os fetos não são incluídos em nenhum dos rituais, religiosos ou leigos, que registram a existência de mais uma vida humana entre os vivos.
A ambigüidade da Igreja que se diz defensora da vida se revela na condenação ao uso da camisinha mesmo diante do risco de contágio pelo HIV, que ainda mata milhões de pessoas no mundo. A África, último continente de maioria católica, paupérrimo (et pour cause...), tem 60% de sua população infectada pelo HIV. O que diz o Papa? Que não façam sexo. A favor da vida e contra o sexo – pena de morte para os pecadores contaminados.
Ou talvez esta não seja uma condenação ao sexo: só à recente liberdade sexual das mulheres. Enquanto a dupla moral favoreceu a libertinagem dos bons cavalheiros cristãos, tudo bem. Mas a liberdade sexual das mulheres, pior, das mães – este é o ponto! – é inadmissível. Em mais de um debate público escutei o argumento de conservadores linha-dura, de que a mulher que faz sexo sem planejar filhos tem que agüentar as conseqüências. Eis a face cruel da criminalização do aborto: trata-se de fazer, do filho, o castigo da mãe pecadora. Cai a máscara que escondia a repulsa ao sexo: não se está brigando em defesa da vida, ou da criança (que, em caso de fetos com malformações graves, não chegarão viver poucas semanas). A obrigação de levar a termo a gravidez indesejada não é mais que um modo de castigar a mulher que desnaturalizou o sexo, ao separar seu prazer sexual da missão de procriar."
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