sábado, 14 de abril de 2012

O Cine Palácio



Uma partezinha do meu projeto de fim de curso na arquitetura foram os vídeo-espaços. A idéia é a de encenar algo na frente de um edifício interessante, com valores agregados, sejam arquitetônicos, históricos, sentimentais... Depois, a gente projeta essa filmagem na fachada do edifício, fazendo coincidir os elementos arquitetônicos reais e projetados. A idéia é deixar aquele edifício vivo. Pessoas saindo das portas, janelas abrindo, por exemplo... A encenação pode inclusive continuar após a projeção e haver um diálogo entre o real e o projetado.

Foi lembrando dessa idéia dos vídeo espaços que fiz esse trabalho. Não é exatamente um vídeo espaço, mas tem muitos elementos semelhantes. O texto a seguir explica um pouco melhor o que tentei fazer aqui. 

O cine do Gordo, como é conhecido pela população, foi um cinema desde os anos 30. Mas foi pelos idos anos 70 e 80 que nele passavam muitos filmes chineses de kung-fu e outras artes marciais. Porém perdeu a luta contra o tempo. Hoje é só um prédio abandonado, esperando por outros chineses, agora não mais lutadores, e sim comerciantes. Há uma placa ali avisando da abertura de uma loja, mas que parece estar também tão abandonada quanto o velho edifício. O fato é que hoje o cinema só é cinema pelo lado de fora. E assim, meio sem querer, meio que desvirtuando o cotidiano, transforma a rua em espetáculo. O dia-a-dia irreversível, fato único, exibido cena a cena, com seus detalhes revisitados de maneira mais lúdica, onde a rua, misto de artista e platéia transforma-se em sala de exibição, vendo a si mesma, transfigurada no olhar poético da película.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Meu primeiro gravado!


É o meu primeiro desenho usando técnica direta de gravação em cobre. Tô aprendendo esse tipo de coisa aqui no mestrado. A gente desenha com uma ferramenta chamada "ponta seca" direto na chapa de cobre. Daí a gente passa tinta, coloca na prensa e pimba! Sai  Nosso desenho gravado no papel! É um barato! Essa casinha que desenhei ficava atrás aqui do nosso prédio, mas essa coberta aí que mais parece as costas de um dragão dorminhoco não resistiu à chuva e caiu. Ainda bem que já não morava ninguém aí debaixo. Ontem terminaram de demolir essa pobre casinha. É isso.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Circular 2: Los portales del mundo

Circular 2: Los portales del mundo: Los pies cansados ya no necesitan esperar por la batalla. Ya triunfaran la espera. Ya viran pasar cadáveres y más cadáveres de enemigos, a...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Circular 2: Las luces

Circular 2: Las luces: Eran otras épocas. Fue un tiempo en que se ataban los perros con chorizo. Mi Madrid se adornaba como una linda mujer de pechos tiernos que ...

domingo, 20 de novembro de 2011

Circular 2: Vuelo

Circular 2: Vuelo: Tanto gustaba de exibir su vuelo que un día su voladora elegancia tomó su lugar en la existencia. Los pájaros que aquí volaban hace mucho ...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os portões da cidade fantasma


Só quem passa munido daquela boa vontade e de muita paciência consegue entrar nesta cidade. Ela se esconde silenciosamente por detrás de uma máscara de cidade dura, real, material que, tal qual um sujeito muito gordo, suado e ofegante se põe à sua frente, tomando toda a passagem. E não só a passagem, como nossa vontade de passar. Poderíamos chamá-la de cidade fantasma, vestida de um espectro transparente, assombrado. E realmente ela possui essa característica tão fantasmagórica, assustadora. Parece alimentar-se das almas-de-outro-mundo que não a esquecem, em seus paletós de linho branco e chapéus de palhinha panamá. Porém não é nada disso. Ela não é fantasma, apenas cansou-se das mazelas do mundo em dado momento, e trancafiou-se por detrás dessa máscara de ferro, fornecida pelos homens mais astutos da época. Elaboraram um plano, um pano, um cenário e a vestiram de cidade dura. Esta vinha munida de forças extras, gananciosas, mesquinhas, enganadoras. E estas forças, por ventura, ainda estão lá, mentindo e nos enganando. Deve-se estar muito atento para não se perder na violência da realidade e nunca mais conseguir voltar para nosso mundo. Ao se passar pela calçada esquerda do Baobá a realidade começa a se transfigurar. Feito flashes de um filme tão antigo, as arestas dos prédios, o asfalto, as linhas retas, começam a entrar em defasagem entre o que se vê e o que realmente se sente. A partir daí abrem-se os portões para os jardins da cidade antiga. Não é fácil vê-la, mas ela está sempre nos vendo. Divertindo-se às nossas custas, feliz de não precisar conviver conosco, com toda a paz e a tranquilidade de quem tem tempo para enxergar os passarinhos.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Poesia de monturos

Sou apaixonado por esse prédio...


Quero viver-te tudo de novo. O que já viveu. Vê-lo emergir desse banho de pátina que o desamor te deu. Queria tirar essa máscara onde escondes sei lá o quê. Mas sei que o que imagino vai muito além da tua capacidade de não ser. Mais. Ser mais. Lugar é vento, nascendo ao sol, crescendo. E quando, de dentro para fora ergueres teus pés, uma aurora de cores quentes: amarelos, vermelhos, ocres; queimados ao sol, lambidos de vento. Aprisionados nessa caixa de pandora às avessas, em que os males aprisionam os bens; em fios, cimentos, tijolos... E tu não vens, não vens... simplesmente. Só o tempo, egoísta, chupando tuas carnes, cuspindo teus caroços e nos escarrando teus bagaços.
Mas espero vê-lo um dia (é preciso sonhar)! E viver é sonhar! Pois quero viver-te tudo de novo, nobre abrigo de ruínas, resplandecendo sob nova manhã, tecida e tingida dessa poesia de monturos...


"Rua Conde D'Eu, n. 462


O edifício se encontra em frente à Sé, na esquina da Travessa Crato, é um prédio de dois andares, com proporções elegantes e com profusa decoração. Tem 16 portas, (com elegantes molduras encimadas por elementos florais e marcadas ao seu centro por uma chave de arco), no andar superior correspondentes ao andar térreo, já alteradas. Destaca-se ao balaústres fundidos que só decoram a parte anterior, sendo internamente planos. Sua fachada possui elementos decorativos geométrico e são arrematadas por um coroamento discreto e elegante no centro e nas esquinas do edifício.


Dados gerais:
Endereço: Rua Conde D'Eu, 462
Bairro: Centro
Nome conhecido: Casa das Redes
Proprietário: Tereza Távora


Classificação cultural:
Época da construção: primeira metade do século XIX
Data da construção: desconhecida
Autor: desconhecido
Estilo: eclético
Uso original: comércio
Uso atual: comércio"


Retirado de: Guia Arquitetônico Fortaleza Centro, de José Capelo Filho e Lídia Sarmiento