terça-feira, 5 de outubro de 2010

O passeio pelo Centro

Vejam só que mancada. Ontem falei, falei, falei e falei do Centro e coloquei fotos da Praia de Iracema. Sem problemas. Hoje passei as fotos da minha máquina para o computador. Não tem fotos de todo o passeio porque as pilhas da câmera não foram capazes de abarcar o percurso completo. Depois o Eugênio me manda as da sua máquina e fica tudo perfeito. Notem o absurdo que são os postes de iluminação pública, com seus fios e luminárias que mais parecem monstros de desenho animado. São uma das coisas que mais escondem os pobres prédios abandonados... Acho que vocês merecem também fotos antigas de lá, para comparar, então amanhã as postarei. Hoje terão apenas as que a gente tirou. Fiz um videozinho rápido, meia-boca, para apresentá-las. Não vi maneira melhor de fazer isso. O Eugênio fez o favorzão de mandar um pedaço, de um pedaço, de um pedaço, de um pedacinho de um pedaço do projeto dele, que é o primeiro rabisco indicando o trecho que a gente percorreu. É bom para localizar vocês. De qualquer forma, começamos pelo Teatro São José, ou o que resta dele, pela frente do Dragão do Mar, na esquina da Monsenhor Tabosa com Dom Manuel. Descemos pela Rua Rufino de Alencar, aquela que sai por detrás da Catedral, em frente ao Paço Municipal. Descemos por aquelas ruazinhas na lateral da Catedral, embiocamos por aqueles comércios de grão, raízes, cachaças etc, que fica no miolo da quadra, entre a Governador Sampaio e Conde D'Eu. Caímos na Travessa Crato. Lá tinha um velhão artista, tocando violão e cantando com aquela voz de Nelson Gonçalves; depois começaram um chorinho à base de sanfona. Daí caminhamos até a Rua João Moreira e aí chegou a parte mais trabalhosa, pois demos a volta em todas as quadras que se limitam com a João Moreira, garimpando cada casinha. Naquele calor de lascar, tomei uma das melhores cervejas dos últimos tempos, apesar de não passar de uma Skol de latinha, desceu redondíssima, refrigerando-me por dentro... Assim chegamos até a praça da Estação João Felipe. Descendo de volta a João Moreira, subimos até a Praça dos Leões, e acabou as pilhas da minha câmera. Antes de chegarmos à Praça do Ferreira paramos para almoçar já mortos de fome e com a cabeça esturricando por causa do sol inclemente. Na saída do almoço, com os buchos à ponto de espocar devido à duas coca-colas que cada um tomou, demos a volta, ou como diríamos no melhor cearês, arrudiamos a Praça José de Alencar. Voltamos então ao ponto inicial, descendo a Conde D'Eu e subindo pela Rufino de Alencar. De volta à Praça do Cristo Redentor, ainda comprei a Playboy em 3D da Larissa Riquelme, para ver se a tecnologia ali é tão boa quanto à do cinema. Claro que pensando em apresentar meus projetos assim daqui pra frente (apesar da Isabelle ter confiscado a revista...)!!!

O mar (norte) está à esquerda. Essa linha em amarelo é o que caminhamos. Começamos lá em cima, à esquerda, no Dragão do Mar.

A música que acompanhou o vídeo chama-se 5 Eiffell e é de um grupo chamado Acoustic Guitars. O cd todo é sensacional. Procurem!
Aproveitando que falei de num sei quantos nomes de ruas, lembrei daquele poema do Manuel Bandeira "Veneza Americana", em que ele diz:



"(...) Rua da União...


Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância


Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido (...)"


Colocarei então aqui uma lista com os nomes antigos das ruas e mais alguns comentários colhidos no livro História abreviada de Fortaleza e crônicas sobre a cidade amada, de Mozart Soriano Aderaldo e publicado pela Imprensa Universitária da UFC em 1974:



"Rua General Bezerril – Rua do Quartel 
Av. Alberto Nepomuceno – Rua de Baixo 
Rua Castro e Silva – Rua das Flores 
Praça General Tibúrcio – Praça do Palácio 
Rua São José – Beco das Almas 
Rua Floriano Peixoto – Rua da Boa Vista ou Rua da Alegria 
Rua João Moreira – Rua Nova de Fortaleza 
Rua Governador Sampaio – Beco Apertada Hora 

E se refere João Brígido ao Beco Apertada Hora, que é a atual Rua Governador Sampaio, que se escondia por trás de certo trecho do Pajeú e cujo nome mais ou menos explica a sua utilização. 

Rua Barão do Rio Branco – Rua Formosa 
Rua Pedro Borges – Rua do Cajueiro 
Rua Tristão Gonçalves –Rua do Trilho (se passa A Normalista de Adolfo Caminha) 
Rua Major Facundo – Rua da Palma 
Rua Liberato Barroso – Rua das Trincheiras 
Rua Pedro Pereira – Rua São Bernardo, Travessa Amélia 
Rua Pessoa Anta – Rua da Praia 
Rua Dragão do Mar – Rua da Alfândega 
Rua José Avelino – Rua do Chafariz 
Rua Rufino de Alencar – Rua da Ponte 
Av. Monsenhor Tabosa – Rua do Seminário 
Rua Tenente Benévolo – Travessa da Conceição 
Rua Pereira Filgueiras – Rua do Paço 
Rua Costa Barros – Rua da Aurora ou Rua do Sol 
Av. Santos Dumont – Rua do Colégio 
Rua Franklin Távora – Travessa São Luís 
Rua Pinto Madeira – Rua do Córrego 
Travessa Baturité – Travessa da Escadinha 
Rua Boris – Travessa da Praia 
Rua 25 de Março – Rua do Pajeú 
Rua Coronel Ferraz – Travessa do Colégio 
Av. Dom Manuel – Boulevard da Conceição 
Rua Rodrigues Júnior – Rua da Glória 
Rua J. da Penha – Rua da Soledade 
Rua Nogueira Acioly – Rua da Aldeota 
Rua Gonçalvez Lêdo – Rua dos Guajerus 
Travessa Crato – Travessa do Mercado 
Rua Senador Alencar – Travessa das Hortas 
Rua São Paulo – Travessa da Tesouraria 
Rua Visconde de Sabóia – Travessa da Cacimba 
Rua Guilherme Rocha – Rua do Ouvidor 
Rua Pedro I – Travessa da Alegria 
Av. Duque de Caxias – Boulevard do Livramento 
Av. Alberto Nepomuceno – Rua da Ponte 
Rua Jaime Benévolo – Rua do Açude 
Rua Barão de Aratanha – Rua do Lago 
Rua Solon Pinheiro – Rua da Trindade 
Rua Senador Pompeu – Rua da Amélia 
Rua General Sampaio – Rua da Cadeia 
Rua 24 de Maio – Rua do Patrocínio 
Av. da Universidade – Rua do Benfica 
Av. Visconde do Rio Branco – Calçamento de Messejana 
Rua Castro Carreira – Campo da Amélia 
Praça da Sé – Praça do Conselho 
Praça Cristo Redentor – Praça da Conceição 
Praça Figueira de Melo – Praça do Colégio 
Praça José de Alencar – Praça do Patrocínio 
Praça da Polícia Militar – Praça dos Coelhos 
Praça Clóvis Beviláqua – Praça do Encanamento 
Praça da Bandeira – Praça do Asilo 
Praça Capistrano de Abreu – Praça da Lagoinha 
Praça do Carmo – Praça do Livramento 
Praça dos Voluntários – Praça do Garrote 
Praça dos Mártires – Largo do Paiol 
Praça Valdemar Falcão – Praça Carolina 
Praça do Ferreira – Feira Nova, Praça Municipal e Praça Pedro II 
Praça General Tibúrcio – Largo do Palácio 
Praça Almirante Saldanha – Praça da Alfândega 

O calçamento característico de Fortaleza era feito de pedra tosca, que o espírito de nosso povo chamava de "cearalelepípedo", em contraposição ao paralelepípedo 

Na esquina da Rua Pedro Pereira com a atual Avenida Tristão Gonçalves, havia uma calçada alta, denominada Parada do Chico Manuel, de que se serviam os passageiros que vinham de Maranguape, ou para lá se dirigiam. 

O ano de 1867 assinalou a substituição do óleo de peixe pelo gás carbônico na iluminação pública da cidade. É digno de nota o costume de não serem acendidos os combustores nos dias de lua cheia, costume que se prolongou até 1935, quando teve fim esse tipo de iluminação pública. 

(1895) A capital cearense possuía, ainda, 34 ruas de norte a sul, 27 de leste a oeste, 14 praças, 1607 combustores da pública iluminação a gás, os quais, segundo o autor do registro (Antônio Bezerra), eram os mais elegantes do país. 

Ressalte-se que o autor dessa memória, descrevendo a cidade, enfatiza uma coisa interessante: - o grande número de prédios de madeira, inclusive quatro cafés que existiam nos cantos da Praça do Ferreira, não nos terrenos arruados, mas dentro mesmo do logradouro. 
Um desses cafés, o Java, passou à história literária, sede que foi da “Padaria Espiritual”, movimento intelectual da maior importância para o Ceará."


E vejam que essa será minha próxima campanha! Pela volta dos nomes antigos das ruas do Centro! Sugiro a seguinte intervenção: criamos placas de rua com os nomes antigos, placas grandes e bem diferentes das placas modernas. Podem ter gravuras ou pinturas de artistas locais e daí nós as colocamos acima das placas atuais, como um nome alternativo. Só para fazer pensar no porquê daqueles nomes, fazer a população caminhar por ali procurando enxergar paisagens diferentes, que remetam àqueles nomes. Quem sabe o olhar da população não fique diferente em relação ao Centro?

2 comentários:

Belle disse...

Hahahahaha! Não vou nem reponder a provocação, viu?!

Quanto ao passeio, esses postes e fiação deixam mesmo qualquer paisagem poluída.

Nanquim disse...

Em primeiro: Post fabuloso, João, uma aula e um passeio.
No mais: acho uma graça tu falando dos postesinhos da cidade, um verdadeiro pega varetas.
Apoio plenamente tua campanha pela reimplantação dos nomes originais. Já tinha pensado em algo ligado a isso: seriam plaquinhas em todas as ruas da cidade explicando exatamente quem foi o sr. fulano de tal que deu nome aquela rua e o que diabos ele fez pra isso.

Ahh... uma curiosidade: a Isabelle confiscou a resvista porque ela queria ver, né? (eu quero ver).

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