quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Fortaleza velha

Como prometi que colocaria algumas fotos antigas de Fortaleza, o farei hoje. Vou começar com fotos dos anos 30 e 40. Dá pra ver que era outra cidade. As ruas eram bem mais espaçosas, não havia asfalto e a arborização era bem maior. Realmente era uma cidade bem mais humana. Não consigo entender essa visão de que o progresso para chegar tem que desfazer o que já existia. Não sei se essa é exatamente uma visão antiga mas vovó ainda torce para que derrubem "as velharias" e construam prédios modernos.
A Teoria dos Sistemas nos fala que nossas experiências, vivências, enfim, nossa história, nos fornece um arsenal de informações, ou seja, dados, percepções, para que possamos ter munição para sobreviver no mundo. É a construção de uma função memória, que nos fornece suporte para enfrentar as situações cotidianas e superá-las cada vez mais facilmente. A função memória é primordial para as intenções de qualquer sistema, que é permanecer o máximo possível no tempo. Sem ela não há como se falar em permanência. Ou seja, sem passado não há futuro. 
Peço permissão para divagar um pouco. Escrevi isso para falar da cidade de Fortaleza como sistema. Que mecanismos ela utiliza para manter viva uma função memória, preservando sua história e suas informações? Por um momento, pensei que nenhum. Fortaleza irá se degenerar como cidade e, tal qual uma Roma antiga, irá se decompor em pequenas cidades-estado, ou melhor, casas-estado, individuais, unifamiliares, cercadas de grandes muralhas, onde será sempre perigoso ir à rua, transformada em constante campo de batalha? Ir ao super-mercado virará a função do homem, do macho, que como se estivesse indo à caça, buscando o alimento diário, e pra isso, haverá de armar-se até os dentes se quiser voltar vivo para o interior de seus muros.
Após essa ficção científica (que acho que já ocorre, o que fiz foi só exagerar um pouco a situação atual), quero terminar dizendo que talvez, a cidade como sistema, afim de preservar sua função memória, crie figuras como nós, que nos interessamos em pesquisar, em manter, em divulgar seu passado, sua cultura, sua identidade. Talvez nós possamos fazer algo por essa cidade, talvez ela não precise cair feito um Império Romano, e possa voltar a ser uma cidade bucólica e agradável como já fora outrora... talvez...

A Av. Almirante Barroso, essas casas ficam pertinho do Dragão do Mar.

Um transporte que ligava Fortaleza a Russas.

Uma mansão na Av. Santos Dumont, hoje está instalado o TRT.

outra foto da Santos Dumont

Santos Dumont também

Rua Floriano Peixoto, na esquina da Praça do Ferreira, este é o prédio em que está o Lescale.

Eis a Praia de Iracema.

Uma foto aérea da Praça do Ferreira, sacada do Excelsior Hotel.

Outra foto aérea. Aqui vemos o prédio da Sefaz, a catedral antiga,  a Av. Alberto Nepomuceno...

Os bondes passando em frente à antiga catedral.

O edifício onde ficava a faculdade de Direito, hoje é o museu do Ceará.

O Excelsior Hotel. É aquele que tem um coro de criancinhas no Natal.

Av Floriano Peixoto. Esse é o prédio da Caixa.

O já falecido palácio do Plácido. Ficava na Santos Dumont, na praça Luíza Távora.

Uma foto aérea.

Outra do Excelsior. Isso é na verdade, um cartão postal.

O Theatro José de Alencar.

Essa foto é na Praia de Iracema!

Aqui é na Volta da Jurema!

A antiga catedral vista de cima. Por trás o palácio do Bispo, hoje sede da prefeitura.

Casa na esquina da Av. Alberto Nepomuceno. Hoje abriga a Sefaz.

Mais um palacete.

A Igreja do Pequeno Grande.

O Mucuripe.

A praça da Escola Normal.

O Cine Moderno. 
A Rua Major Facundo. Dá pra reconhecer?

O Cine Majestic. Morreu queimado.

O Café Java, na Praça do Ferreira. Essa foto é de 1908. Aí funcionou a Padaria Espiritual.


7 comentários:

Belle disse...

Seria bom ver a modernidade convivendo com esta face bucólica...

Anônimo disse...

Valeu, João! Ajudou a amenizar a saudade daquela Fortaleza que nunca vi e, pelo post anterior, daquela que ainda quero ver muitas vezes.
Abc.
Gustavo.

Anônimo disse...

adorei poder conhecer esses lindos momumentos históricos,que infelizmente doram detonados pelos modernistas que não tinham idéia do que estavam fazendo.

A idéia na verdade, muitas vezes a destruição tinha a intenção de apagar nossas memórias.

valeu!!!

Fatima disse...

Como no Monroe no Rio de Janeiro e muitos outros casarões e vilas, foram destruídos para dar passagem a modernidade e principalmente para apagar nossas memórias das reivindicações do povo quando o Rio de Janeiro ainda era capital do Brasil.

abçs de Fátima - Flamengo - RJ.

Valesca disse...

ótimos comentários, pessoas como eu, estudantes de turismo, adorariam ter conhecido fortaleza desta maneira, pois sabemos a importância da preservação local e consequêntemente da história.

Lúcia Menezes Lucinha disse...

Chorei...com saudades do que não vivi e também com saudade do Castelinho, esse eu vi, bem perto de ser destruído e que eu amava tanto!

Enéas Aguiar disse...

João... o L'Escale fica noutro prédio, o do Sobrado do Pastor. Esse aí era o Banco do Brasil (radical e tragicamente modificado!).
Aproveitando a deixa, vale também dizer que o Excelsior reabriu seu restô, sendo agora de comidas típicas...
É o restaurante Paidégua!

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