quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sempre 8 ou 80 - Crossfit


As pessoas costumam me achar sempre 8 ou 80, nunca meio termo. Dizem que sempre sou intenso no que vou fazer, feito um maluco. Recebo as novidades como se fossem a descoberta da minha vida e martelo naquilo até me acabar. Ano passado resolvi me exercitar e passei a pedalar uns 20 km todos os dias de manhã e correr 6km à tarde, até que roubaram minha bicicleta e estou parado até hoje, bem barrigudinho, ou como diz meu cunhado, com o "Panceps" bem desenvolvido. Estou voltando, voltei a treinar capoeira e agora só quero andar de abadá e cantando canções sobre mestre Bimba ou Pastinha. 
Essa introdução foi pra contar que minha irmã disse que achou o exercício perfeito para mim. Diz ela que quando viu a reportagem, lembrou-se de mim na mesma hora. Me ligou, me enviou por email. É um negócio chamado Cross Fit. Feito por um doido, para doidos. As pessoas levantam peso, pulam, correm até se acabar. Terminam deitados no chão, quase desmaiando. Para quem se interessar aí está a reportagem da revista Época. Já comecei a montar uns halteres para mim feitos de lata de tinta cheias de concreto e brita... Dessa vez ninguém vai roubar os meus halteres...


O CrossFit exige superação ou é um exagero? 


Cada dia o programa de exercícios escrito na lousa tem um nome de mulher. Hoje é Elizabeth. Até o fim da prática ela será amada e odiada. Depois de tirar uma pesada barra do chão e apoiá-la nos ombros 45 vezes. Depois de fazer movimentos de sobe e desce nas argolas suspensas, em séries de 21, 15 e nove repetições, em ritmo frenético. Depois disso tudo, os alunos se jogam no chão para recuperar as forças. Eles não são atletas profissionais nem soldados. São gente comum querendo manter a forma e se preparar para suas atividades esportivas e de lazer. Musculação e corrida, para eles, não bastam. Eles vieram ao CrossFit para treinar até cair. Eles são praticantes do programa de condicionamento físico mais exigente do mundo.
A ideia de misturar levantamento de peso com ginástica olímpica e certo rigor militaresco para treinar pessoas comuns ocorreu há mais de 20 anos ao americano Greg Glassman, hoje um cinquentão pançudinho que lucra com o sucesso de seu treinamento. Na visão dele, era preciso unir num programa só o que cada modalidade esportiva tinha de melhor – a força dos levantadores de peso, a capacidade cardiorrespiratória dos corredores, o aprendizado rápido dos ginastas e a habilidade para saltar e arremessar dos praticantes do atletismo – e então formar os atletas mais condicionados do mundo.
Usando estratégias tão variadas quanto erguer barras, caminhar com um amigo nas costas e saltar sobre uma pilha de pneus, Glassman montou sequências de movimentos que aceleram os batimentos cardíacos rapidamente e exaurem os músculos em poucos minutos. Um praticante de elite, segundo ele, pode alcançar uma potência dez vezes maior do que a atingida em sessões normais de condicionamento físico. A exigência física pode ser tão forte que alguns iniciantes vomitam na primeira sessão.
A base do método são movimentos que usam as funções mecânicas naturais do corpo – como avançar, saltar, abaixar e arremessar – realizados muitas vezes em ritmo acelerado, com várias repetições e carga elevada. O diferencial é a variação de exercícios. O momento mais importante de cada aula é o WOD (workout of the day, exercício do dia), que concentra os exercícios de maior intensidade. Num dia, o WOD pode ser de apenas cinco minutos de flexões e levantamento de peso. No outro, 40 minutos de corrida leve e lançamento de bola na parede. Cada um dos participantes trabalha com pesos, tempos e número de repetições adequados a seu condicionamento.
Segundo Tony Budding, diretor de comunicação da empresa CrossFit, com sede nos Estados Unidos, a marca tem mais de 2 mil ginásios afiliados em diferentes países e mais de 20 mil professores certificados. O site na internet (Crossfit.com), que inclui artigos e inúmeros vídeos enviados pela comunidade de seguidores, registra cerca de 3 milhões de visitas por mês. Ali, além dos WODs oficiais que vão sendo renovados diariamente, a comunidade de praticantes coloca comentários sobre sua própria experiência com o treinamento. Alguns se dizem viciados.
Parte do fanatismo se deve à postura destemida que os crossfiteiros adotam. Lemas como “A dor é a fraqueza deixando seu corpo” servem de motivação para os praticantes encararem as dificuldades como desafios e desejarem resultados melhores a cada treino. Há um clima de “vamos ser campeões”, sendo cada um o próprio adversário. Nos ginásios, os resultados dos alunos são expostos numa lousa para que todos possam ver.
Os crossfiteiros se orgulham de não ligar para espelhos, máquinas modernas e qualquer tipo de “frescura” associada às academias convencionais, onde, acreditam eles, os clientes não gostam de treinar de verdade. Os espaços de CrossFit em qualquer lugar do mundo são simplórios e algo nostálgicos. Os equipamentos usados são normalmente barras móveis e fixas, bolas com peso, halteres, corda de pular e de escalar, bancos para saltar, elásticos e kettlebells (uma espécie de bola de ferro com alça para erguer do chão até acima da cabeça). O máximo de maquinário é um remo ergômetro.
O primeiro CrossFit licenciado no Brasil abriu as portas no final do ano passado, em São Paulo, e já tem admiradores fiéis. Um dos primeiros alunos foi Luiz Renato Oliveira, de 36 anos, lutador de full-contact e jiu-jítsu desde a adolescência. Ele conta que havia muito tempo já fazia uma preparação física para a luta baseada em musculação e movimentos funcionais, mas nunca havia experimentado um treino tão intenso e eficaz quanto o CrossFit. “Agora sinto que estou preparado para qualquer coisa. Fiz snowboard sem sentir nenhuma dor”, diz ele. “Na luta, além de me sentir mais forte e confortável, parei de me machucar.”
Honorio Lisboa Neto, de 58 anos, é outro convertido. Ele diz que passou a vida tentando frequentar academias, mas nunca ficava por mais de dois meses. Até o início do ano, a única atividade física que o atraía era a escalada em rocha, que só acontecia nos fins de semana. “Quando descobri isto aqui foi uma maravilha”, diz um Honorio ainda ofegante. Ele tinha acabado de terminar um exercício de 12 minutos intercalando o lançamento de bola medicinal para o alto com um movimento chamado Burpee, que consiste em encostar o peito no chão, ficar de pé e bater as mãos acima da cabeça. Sem intervalos, claro. “Já vejo os resultados na escalada, mesmo sem um treinamento específico, diz Honorio.
Outro lema do CrossFit é que ele é para todos, mas não para qualquer um. O professor Joel Fridman, que conheceu o CrossFit no Canadá e o trouxe para o Brasil, acredita que o pré-requisito é a vontade de melhorar. “Já vi pessoas de todas idades, gente sem perna, sem braço, grávidas, crianças, militares e donas de casa começando a treinar”, afirma. “O que a maioria busca é qualidade de vida.” Há restrições? “Nossa proposta é elevar o condicionamento físico, partindo do estágio inicial da pessoa. As bases e os fundamentos do treino são feitos para qualquer situação”, diz Fridman.
Mas há razões para desconfiar que nem todo mundo se beneficia de um trabalho físico tão intenso. Em 2005, Glassman, o precursor americano, teve de se pronunciar sobre casos de rabdomiliólise envolvendo seus treinos. A rabdomiliólise é uma lesão muscular severa que libera pedaços de células musculares para dentro dos vasos sanguíneos e pode levar a uma insuficiência renal aguda. Glassman publicou um artigo em seu jornal on-line em que diz que as vítimas eram pessoas fisicamente treinadas, mas ainda despreparadas para os altos níveis de intensidade que o CrossFit exige dos mais experientes. Um dos símbolos visuais do CrossFit é Uncle Rhabdo, um palhaço repugnante, cheio de feridas, com um rim pendurado fora do corpo. É um jeito meio rude que os praticantes usam para se gabar – e para recomendar aos novatos que progridam respeitando seus limites.
Os especialistas ainda não estão convencidos sobre as vantagens da nova modalidade de exercícios. O fisiologista e professor de educação física Raul Santo, da Universidade Federal de São Paulo, explica que a variação constante na duração e na intensidade dos exercícios, embora positiva, mexe com o metabolismo de uma forma que pode sobrecarregar o sistema cardíaco em algumas pessoas. “Para buscar performance é preciso ter saúde primeiro”, diz ele. Para Julio Serrão, professor de biomecânica da Universidade de São Paulo, os resultados são mais rápidos quando se aumentam o volume e a intensidade dos exercícios, mas o risco de lesão aumenta junto.
Munida das recomendações e confiante em meu preparo físico (oito anos de ginástica localizada, dez de musculação e um de iniciação ao circo), resolvi experimentar o CrossFit. O desafio inaugural foi pesado: mais de 100 agachamentos rápidos, feitos em séries de oito segundos, com apenas dez de descanso. Ele me rendeu dor muscular por três dias e vontade de xingar o professor. Passado o sufoco, minhas primeiras duas semanas de aula foram bem menos dolorosas do que eu imaginava. O treinamento mais difícil virá gradualmente, depois de muita ênfase na técnica. Mas há um pré-requisito imprescindível para quem quer tentar o CrossFit: gostar de se mexer. Muito.




2 comentários:

Belle disse...

Quero ver você fazer todas essas loucuras, mas sob orientação de alguém, né?! Não vai elouquecer e fazer isso de qualquer jeito, vai?!
Juízo! Juízo...

Unknown disse...

jota lucaaaaaas,

pelo amoooooor de deus, hein?! presta atencao!

rpz, crossfit mesmo, na real, foi o que esses mineiros chilenos passaram, hein... impressionante. o cara corria 10km naquela caverna?! como e que pode?!

"chi-chi-chi-le-le-le, los mineiros del chile"!

Postar um comentário