um pote de dois litros
de sorvete de palavras.
Estavam geladas,
úmidas, doces.
Acalentei-as com
meu esôfago de gigante
e atirei-as aos pássaros,
como pedrinhas
na minha baladeira.
Algumas derreteram-se
pelos desertos das descrenças
e dos supérfluos,
mas, afinal, quem deseja
restos de palavras
deglutidas e cuspidas
sem uma gota
de cobertura de morango?
Essa poesia com certeza
teria um outro final,
mas protelei demais
com os meus sonhos
e já não consigo lembrar-me
de como era.
Foi assim que o sorvete inflamou
uma multidão de formiguinhas -
e a minha garganta.
(João Lucas)
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